Portugal disposto a mediar crise em Moçambique, mas sem necessidade
- Monica Stahelin
- 15 de jan.
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de jan.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, afirmou hoje em Maputo que o país está disponível para apoiar a mediação da crise pós-eleitoral em Moçambique, mas expressou a convicção de que tal não será necessário.
Rangel destacou que as partes envolvidas na crise parecem ter a vontade de transformar a situação numa oportunidade, o que lhe dá "esperança" de que a mediação formal possa ser evitada.
Em declarações à imprensa após a cerimónia de investidura de Daniel Chapo como quinto Presidente de Moçambique, marcada por confrontos entre a polícia e apoiantes de Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, Paulo Rangel sublinhou que Portugal tem uma "posição especial" devido aos "laços afetivos históricos e culturais profundos" com Moçambique.
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Apoio ao diálogo e à resolução da crise.
O chefe da diplomacia portuguesa reforçou ainda o papel da União Europeia e da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), que têm alinhado com as posições de Portugal, em apoio ao diálogo e à resolução da crise.
Rangel confirmou também que tem previsto um encontro com Venâncio Mondlane, líder da oposição que tem convocado paralisações e manifestações contra os resultados das eleições de 9 de outubro. Durante a sua estadia em Maputo, o ministro português reiterou a disposição de Portugal em ajudar, sem, contudo, interferir na soberania de Moçambique. O objetivo, segundo Rangel, é criar uma agenda de consenso que envolva reformas institucionais, económicas e sociais no país.
Críticas de Mondlane
Em resposta às críticas de Mondlane, que acusou Rangel de parcialidade, o ministro português desvalorizou as declarações, afirmando que as opiniões expressas devem ser encaradas com "fair play". Rangel reafirmou que Portugal se mantém com uma postura construtiva, com a intenção de facilitar o diálogo e apoiar as partes, caso seja necessário.
No contexto das tensões pós-eleitorais em Moçambique, que já provocaram mais de 300 mortos e 600 feridos desde 21 de outubro, o ministro português sublinhou a importância do "diálogo inclusivo" com todas as forças da oposição e os protagonistas do processo. Rangel frisou que, para ultrapassar as feridas deixadas por este "processo traumático", é fundamental que haja uma reconciliação nacional e reformas que relancem uma democracia funcional e reconhecida por todos.
O Governo português tem defendido, ainda, a necessidade de uma reforma da lei eleitoral, uma medida já admitida por todos os intervenientes moçambicanos, como uma forma de evitar novas crises políticas no futuro.
M.S.
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