Setenta anos de arte e paixão pelos céus: o mestre dos balões de Gaia
- Monica Stahelin Nascimento
- 29 de jun.
- 2 min de leitura

Florentino Lemos mantém viva a tradição dos balões de ar quente, feitos à mão, há mais de sete décadas. Aos 86 anos, o “jovem” gaiense continua a encantar com a sua arte.
Florentino Lemos, conhecido simplesmente por Lemos entre amigos e admiradores, é um verdadeiro mestre dos céus. Aos 86 anos, este morador da União das Freguesias de Pedroso e Seixezelo, em Vila Nova de Gaia, mantém acesa a chama de uma paixão que começou há mais de 70 anos: fazer balões de ar quente. A sua história mistura engenho, tradição e uma alegria contagiante que, segundo o próprio, “nunca mais saiu do sangue”.
Foi ainda criança, na escola primária de Sandim, que aprendeu a construir balões, papagaios e estrelas de papel aos sábados, sob orientação do professor. Desde então, nunca mais parou. Ainda hoje, no anexo junto ao seu quarto, continua a produzir centenas de balões por ano, agora mais modestos, como os 700 feitos este ano, sempre com papel de seda colorido e técnicas apuradas ao longo de décadas.
Do perigo à perfeição técnica
Nos primeiros tempos, Lemos usava petróleo como combustível — uma prática arriscada que abandonou em prol da segurança. Com o tempo, desenvolveu uma técnica própria que evita incêndios, utilizando chapas de alumínio junto à mecha e pequenos furos estrategicamente colocados para permitir a "respiração" do balão. “Os meus balões não ardem. São rápidos e não ardem”, afirma com orgulho.
Publicidade
A sua mestria tornou-se lendária no Grande Porto. Durante anos, produziu cerca de 1600 balões por temporada, participando em festas populares como o São João do Porto, as Rusgas, o São Pedro da Afurada ou as festas de Espinho e Canelas. Um dos momentos mais marcantes da sua carreira foi a construção de um balão de 12 metros, para o São João de Tabosa, nos anos 90. “Parecia um foguetão!”, recorda. O lançamento envolveu uma grua e três homens, e atraiu centenas de pessoas.
Florentino Lemos pode não ter entrado no Guinness, como muitos lhe sugeriram na altura, mas conquistou algo maior: o respeito e admiração de gerações que olham para o céu à espera do brilho colorido dos seus balões. “Isto é uma paixão”, repete, com os olhos ainda a brilhar como os papéis de seda que, ano após ano, continuam a ganhar vida nas suas mãos.
B.N.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal da Globe News
Comentários