Caos em Los Angeles: toque de recolher e protestos contra Trump
- Monica Stahelin
- 11 de jun.
- 3 min de leitura
O Presidente promete “libertar a cidade” enquanto forças federais são destacadas e detenções disparam.
As autoridades de Los Angeles decretaram um toque de recolher numa área de cerca de 2,6 km² do centro da cidade, em resposta a uma nova vaga de protestos desencadeados pelas recentes operações de deportação lideradas pelo governo de Donald Trump. A medida entrou em vigor esta terça-feira, das 20h00 às 06h00 (hora local), e deverá manter-se por vários dias.
A decisão foi anunciada pela presidente da câmara, Karen Bass, após uma noite marcada pelo saque de pelo menos 23 estabelecimentos comerciais. Segundo a autarca, a maioria dos manifestantes tem-se comportado de forma pacífica, mas um grupo minoritário tem aproveitado o contexto para causar destruição.
“Quando os protestos pacíficos terminam, entram oportunistas que se escondem sob a capa da manifestação para pilhar e destruir”, afirmou a vereadora Ysabel Jurado, representante da zona abrangida pelo recolher obrigatório.
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Presença militar agrava tensões e levanta críticas
A chegada de centenas de fuzileiros navais e de elementos da Guarda Nacional, por ordem direta do Presidente Trump, intensificou o clima de tensão na segunda maior cidade dos Estados Unidos. Os protestos, que duram já há cinco dias consecutivos, surgiram como resposta às operações migratórias em larga escala e à retórica agressiva do governo contra imigrantes em situação irregular.
Donald Trump defendeu as medidas numa cerimónia militar em Fort Bragg, na Carolina do Norte, onde afirmou que “o que se vê na Califórnia é um ataque total à paz, à ordem pública e à soberania nacional, conduzido por desordeiros que ostentam bandeiras estrangeiras.” O presidente prometeu “libertar Los Angeles” e classificou os protestos como uma ameaça à segurança nacional.
Segundo o Departamento de Segurança Interna, as detenções por parte do Serviço de Imigração e Controlo de Alfândegas (ICE) aumentaram drasticamente, ultrapassando os 2.000 casos diários — um número significativamente superior à média de 311 detenções diárias registadas em 2024, sob a administração Biden.
Governador da Califórnia denuncia “abuso de poder”
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, classificou a mobilização de tropas federais como uma “ameaça à democracia” e anunciou uma ação judicial contra o Presidente e o Departamento de Defesa, por considerar que se trata de uma utilização ilegal de recursos militares.
“Trump escolheu a escalada. Escolheu mais força. Escolheu o espetáculo em detrimento da segurança pública”, afirmou Newsom num comunicado em vídeo. “Este abuso descarado de poder inflamou uma situação já instável, colocando em risco civis, agentes da autoridade e até os próprios militares.”
A crescente tensão entre o governo federal e os estados democratas tem reacendido o debate sobre os limites constitucionais da atuação presidencial em matéria de segurança interna. Newsom, visto por muitos como um potencial candidato às presidenciais de 2028, tem-se posicionado como uma das vozes mais críticas da atual administração.
Entretanto, a polícia de Los Angeles confirmou a detenção de mais 197 pessoas na noite de terça-feira, mais do dobro do total acumulado até então.
M.S.
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