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Injeções estéticas perigosas feitas em casas de banho públicas

Pessoa com luvas brancas segura uma seringa de injeção
Injeções estéticas perigosas feitas em casas de banho públicas © AP

Práticas não regulamentadas e locais improvisados colocam vidas em risco, denuncia entidade britânica de fiscalização.


Procedimentos estéticos como injeções de gordura, lifting de glúteos (conhecido como Brazilian Butt Lift ou BBL), botox e preenchimentos estão a ser realizados por indivíduos sem formação adequada em locais completamente inadequados, incluindo casas de banho públicas, quartos de hotel e lojas improvisadas nas ruas do Reino Unido. O alerta foi feito pelo Chartered Trading Standards Institute (CTSI), entidade responsável por supervisionar os padrões comerciais no país.


A instituição britânica descreve o sector dos tratamentos estéticos como um verdadeiro "velho oeste", marcado pela ausência de regulamentação, fiscalização e licenciamento. A realização destes procedimentos em espaços que não constituem estabelecimentos comerciais formais dificulta a intervenção das autoridades e aumenta significativamente o risco para os consumidores.


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Produtos inseguros vendidos online e legislação desigual

Além dos locais impróprios, o CTSI denunciou a comercialização de produtos inseguros e sem regulamentação, como preenchedores disponíveis online por apenas 20 libras (cerca de 23 euros) e injeções para dissolver gordura, como o polémico Lemon Bottle, cuja utilização está praticamente fora de controlo regulamentar.


Outra preocupação prende-se com a disparidade legal em torno da idade mínima para se submeter a estes tratamentos, que varia consoante a região do Reino Unido. Segundo a entidade, esta “loteria de códigos postais” tem levado jovens a atravessar fronteiras locais em busca de tratamentos que são restritos nas suas áreas de residência.


Especialistas pedem ação urgente

Kerry Nicol, responsável pelas relações externas do CTSI, classificou a situação como "chocante" e sublinhou o perigo real para a saúde pública: "As vidas dos consumidores estão a ser colocadas em risco todos os dias. Soariam todos os alarmes se alguém oferecesse tatuagens numa cozinha ou numa casa de banho pública – o mesmo deve acontecer com injeções faciais nesses ambientes."


Ashton Collins, diretora da organização Save Face, que gere um registo de profissionais acreditados, reforçou a necessidade de intervenção governamental e recordou que desde 2023 tem feito campanha para proibir os BBLs líquidos em espaços não clínicos, exigindo que apenas cirurgiões plásticos qualificados possam realizá-los. "Durante demasiado tempo, as regulamentações existentes não têm sido aplicadas com o rigor necessário", afirmou.


Governo britânico promete rever regulamentação

Em resposta às crescentes críticas, um porta-voz do Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido reconheceu o problema e garantiu que estão a ser considerados novos regulamentos para proteger os cidadãos. "A segurança dos pacientes é prioritária. Recomendamos a todos os que ponderam realizar procedimentos estéticos que procurem profissionais qualificados, com seguro e devidamente registados", declarou.


A ausência de dados sobre as intervenções do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) no tratamento de complicações decorrentes destes procedimentos é outra das falhas apontadas. O CTSI alerta que, sem estatísticas fiáveis, é impossível dimensionar os reais impactos desta prática cada vez mais descontrolada.


M.S.


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