Mulheres angolanas dedicam o dobro do tempo dos homens a trabalho doméstico
- Monica Stahelin
- 30 de mai.
- 2 min de leitura

Relatório do INE expõe desigualdades de género na gestão do tempo e alerta para impactos no bem-estar e nas oportunidades de desenvolvimento.
As mulheres angolanas continuam a suportar uma carga desigual no trabalho doméstico não remunerado, dedicando mais do dobro do tempo dos homens a tarefas como cuidar da casa, de crianças e de pessoas dependentes.
Os dados constam do Relatório sobre o Uso do Tempo em Angola, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com base no Inquérito ao Emprego em Angola (IEA), referente ao 4.º trimestre de 2022.
Segundo o relatório, as mulheres com 15 ou mais anos de idade despendem, em média, 5 horas e 8 minutos por dia em trabalho não remunerado, enquanto os homens dedicam apenas 2 horas e 12 minutos. Esta disparidade tem repercussões no tempo disponível para lazer, formação e autocuidado.
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Desigualdade reflete-se no acesso à formação e ao lazer
No total, considerando tanto o trabalho remunerado como o não remunerado, as mulheres trabalham, em média, 8 horas e 25 minutos por dia — ligeiramente mais do que os homens, que trabalham 8 horas e 2 minutos. No entanto, essa carga adicional reduz o tempo das mulheres para actividades formativas e de lazer. Apenas 9,3% das mulheres participaram em ações de formação, contra 11,8% dos homens. No que toca ao tempo livre, as mulheres dispõem, em média, de 2 horas e 37 minutos diários, ao passo que os homens têm 3 horas e 27 minutos.
O relatório indica também que 86% das pessoas com 15 anos ou mais realizaram tarefas domésticas, dedicando-lhes, em média, 3 horas e 34 minutos por semana. A confeção de alimentos envolveu 70% da população, enquanto 65% desempenharam tarefas de limpeza, dedicando uma média de 3 horas e 43 minutos semanais.
Casados lideram em compras, mas mulheres ainda fazem mais
Os dados revelam também que os casados são os que mais tempo dedicam às compras do dia a dia, com uma média semanal de 4 horas e 27 minutos. Solteiros, viúvos, divorciados e pessoas em união de facto despendem cerca de um terço desse tempo. No universo geral, 51% da população tratou de contas ou documentos familiares, 30% usaram redes sociais, 60% acederam a meios de comunicação social e 18% participaram em atividades culturais ou de lazer.
As atividades escolares consumiram, em média, 12 horas e 43 minutos por semana entre os participantes.
Base para políticas públicas mais inclusivas
O INE destaca que as conclusões do relatório permitem reconhecer desigualdades de género e servem de base para elaborar políticas públicas que incentivem a equidade, o equilíbrio entre a vida pessoal, familiar e profissional, bem como a melhoria do bem-estar da sociedade.
M.S.
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