Redução de apoio internacional coloca em risco empregos em Angola
- Monica Stahelin
- 27 de fev.
- 2 min de leitura

A redução de apoio de doadores internacionais está a afetar trabalhadores de organizações não-governamentais (ONGs) em Angola, com especial destaque para o caso da Halo Trust, organização britânica que se viu obrigada a despedir 100 colaboradoras, o que gerou grande apreensão no setor humanitário. O despedimento foi decretado por alegada incapacidade financeira e está a ser contestado judicialmente.
Desemprego e incerteza social
As 100 colaboradoras da Halo Trust, especializadas em desminagem, viram os seus contratos rescindidos devido à escassez de financiamentos internacionais, especialmente no setor de apoio humanitário. As ex-funcionárias, algumas das quais já haviam trabalhado em várias províncias do país, entre elas o Bié e Kuando Kubango, denunciam a falta de compensações adequadas e exigem reintegração ou indemnização. A organização enfrenta agora um processo-crime por desobediência, após uma ordem judicial para reintegrar as colaboradoras despedidas, mas, até ao momento, não há uma solução definitiva.
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O cenário de incerteza não se restringe à desminagem, afetando igualmente programas de apoio à nutrição e à saúde, como o programa de combate à má-nutrição da organização Jam, que também enfrenta dificuldades financeiras. De acordo com Morgado Culembe, responsável por programas da Jam, a organização está a lutar contra a escassez de recursos, com prazos apertados para concluir projetos vitais, como a distribuição de leite terapêutico e arroz na província de Benguela. A esperança de receber apoio da USAID, que não se concretizou, agrava ainda mais a situação.
Apoio contínuo na prevenção de doenças
Embora o cenário de incerteza seja uma realidade em muitos setores, organizações como a ADPP, que atua na prevenção do HIV/SIDA e da tuberculose, e a Organização de Interação Comunitária (OIC), continuam a ser sustentadas pelo Fundo Global (FG). Estas organizações asseguram que, até o momento, os projetos não foram afetados, e que o apoio internacional continua estável, com a certeza de que irão cumprir os acordos até, pelo menos, junho de 2024.
O Fundo Global tem sido um aliado importante na luta contra doenças como a malária, HIV/SIDA e tuberculose em Angola. Entre 2016 e 2023, o país recebeu cerca de 400 milhões de dólares para o combate a estas doenças. A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, destacou a importância desta colaboração e manifestou preocupação com a possibilidade de interrupção de programas de saúde comunitária devido à diminuição dos financiamentos internacionais.
A crescente escassez de apoio de doadores internacionais levanta preocupações sobre o futuro das organizações humanitárias em Angola e sobre a manutenção de programas essenciais, que beneficiam milhares de pessoas, especialmente nas áreas de saúde, nutrição e segurança alimentar.
M.S.
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